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Cristianismo Católico e a Comunidade LGBTQIA+: Diálogo e Desafios

Postado à, 152 dias atrás | 8 minutos de leitura

Cristianismo Católico e a Comunidade LGBTQIA+: Diálogo e Desafios
Na história da humanidade, a comunidade LGBTQIA+ tem sido uma parte integrante da sociedade, enfrentando uma série de desafios e preconceitos. Nas principais religiões monoteístas, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, as atitudes em relação à diversidade sexual variam, mas muitas vezes foram marcadas por discriminação e perseguição moral.
 
No contexto do catolicismo, a perseguição moral foi uma realidade histórica para indivíduos LGBTQIA+. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) descreve a homossexualidade como “intrinsecamente desordenada” (CIC 2357) e “contrária à lei natural” (CIC 2357), baseando-se em interpretações de passagens bíblicas, como Levítico 18,22, que condena as relações entre pessoas do mesmo sexo.
 
Além disso, o Código de Direito Canônico, embora não mencione explicitamente a homossexualidade, estabelece normas sobre moralidade sexual que são interpretadas de forma a condenar relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Por exemplo, o Cânon 1055 § 1º afirma que “o matrimônio, pela própria lei natural, tem como propriedade principal a unidade e a indissolubilidade”, o que tem sido usado para excluir casais LGBTQIA+ do sacramento do casamento.
 
A doutrina da igreja, fundamentada em interpretações de passagens bíblicas, frequentemente justificou a exclusão e marginalização de indivíduos LGBTQIA+. No entanto, é importante notar que Jesus Cristo, a figura central do Cristianismo, ensinou princípios de amor, compaixão e aceitação. Ele condenou o julgamento e incentivou seus seguidores a amar uns aos outros como a si mesmos e nunca ao preconceito ou à discriminação. Em Mateus 22,39, Ele diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
 
Todavia, cabe-nos algumas perguntas: A) Se Jesus Cristo fosse gay ou lésbica?! B) Será que Ele seria acolhido ou discriminado? C) Amado ou Odiado? D) É razoável assumir que Ele seria acolhido da mesma forma que qualquer outro ser humano, com amor e compaixão ou não? Eis a reflexão!
 
De fato, Jesus sempre acolheu os marginalizados e os excluídos da sociedade, demonstrando-lhes compaixão e aceitação. Será que nós temos essa mesma postura diante do diferente, principalmente com a comunidade LGBTQ+. No Evangelho de São Lucas 15,1-2, Ele é descrito como acolhendo os pecadores e comendo com eles, o que evidencia sua atitude inclusiva e compassiva.
 
Apesar disso, poderemos dizer que existem nuances dentro da doutrina católica que sugerem uma abordagem mais inclusiva. Por exemplo, “Persona Humana”, que preconiza a acolhida e o amor a todos os homossexuais dentro da comunidade da Igreja. Este documento, aprovado pelo Papa Paulo VI em 1975, contém declarações sobre ética sexual inspiradas pela divina providência.
 
O Papa Francisco tem transmitido mensagens de aceitação e respeito aos homossexuais. Em 2013, durante sua primeira coletiva de imprensa, Francisco afirmou: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”. E recentemente, em junho de 2016, declarou que os cristãos e a Igreja Católica devem buscar o perdão dos homossexuais pela forma como foram tratados.
 
Nesta reflexão, é importante reconhecer que o preconceito e a discriminação são prejudiciais e contraproducentes. Cada pessoa, independentemente de sua orientação sexual, merece ser tratada com dignidade e respeito. Julgar alguém com base em sua aparência ou orientação sexual é ignorar a complexidade de suas experiências e história de vida.
 
A abordagem da Igreja Católica em relação à homossexualidade é frequentemente baseada em interpretações de passagens bíblicas e ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica. No entanto, é importante notar que existem diferentes interpretações desses textos e que a compreensão da Igreja Católica sobre essas questões pode evoluir ao longo do tempo.
 
Uma passagem bíblica frequentemente citada em debates sobre homossexualidade é Levítico 18,22, que diz: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação”. No entanto, é importante contextualizar esse versículo dentro do conjunto mais amplo das leis do Antigo Testamento e reconhecer que a interpretação e aplicação dessas leis podem variar.
 
Quanto ao Catecismo da Igreja Católica, o parágrafo 2357 aborda a homossexualidade, afirmando que os atos homossexuais são “intrinsecamente desordenados” e que “sob nenhuma circunstância podem ser aprovados”, como ressaltado no início deste texto. No entanto, o mesmo parágrafo também enfatiza que as pessoas homossexuais devem ser tratadas com respeito, compaixão e sensibilidade, e que qualquer forma de discriminação injusta contra elas deve ser evitada.
 
Essas citações são frequentemente discutidas dentro da Igreja Católica em debates sobre como conciliar os ensinamentos tradicionais com uma abordagem mais inclusiva e compassiva em relação às pessoas LGBTQIA+. Muitos teólogos e líderes religiosos católicos estão envolvidos em diálogos e reflexões contínuas sobre essas questões, buscando encontrar uma abordagem pastoral que promova o amor e a inclusão, ao mesmo tempo em que respeita a integridade das escrituras e dos ensinamentos da Igreja.
 
Portanto, ao considerar a posição das religiões monoteístas em relação à comunidade LGBTQIA+, é essencial lembrar os ensinamentos de amor e compaixão de Jesus Cristo. Devemos buscar compreender e aceitar nossos irmãos e irmãs, independentemente de quem eles amam ou como se identificam. No final, é o amor que deve prevalecer, e é isso que Jesus nos ensinou.
Prof. Dr. Pedro Ferreira de Lima Filho é Articulista, Assessor Executivo, Colunista Especial, Correspondente Jurídico, Polímata, Servidor Público Concursado de Carreira, Leitor Crítico, Filósofo, Pedagogo, Teólogo, Especialista em Educação Especial e Inclusiva, Pós-graduado em Ensino Religioso, Mestre em Bíblia, Doutor em Teologia e Professor Universitário nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação no Brasil e no Exterior. E-mail: filho9@icloud.com