Há muito tempo em Piraju, era um período longinquo quando vias públicas como a avenida Humberto Martignoni, Tertuliano Gonçalves, Várzea e muito menos a São Sebastião eram asfaltadas.
Na época nem a rua 13 de Maio tinha asfalto e justamente no mês de maio estavam terminando o calçamento dessa via nas próximidades de onde hoje é a nossa “lamentável” rodoviária, que talvez nem existisse naquela ocasião.
Anos 50 ou 60 ?
Foi nessas ocasiões que o sr. Antonio Francisco Calesco, um homem muito forte e trabalhador hercúleo da antiga rede de água da cidade passava as noites e madrugadas “aguando” as ruas de terra e areia, nos momentos de seca.
Seu trabalho impedia que a terra vermelha não sujasse as demais ruas da cidade.
Foram décadas no serviço municipal de água até a aposentadoria. Já na SABESP seguiu na mesma toada.
Um grande pirajuense. Deixou saudades entre os familiares e amigos. Os mais jovens não se lembram desse tempo duro. Ele se orgulhava de ser o homem que lavava as ruas.
O Portal folhadepiraju.com fez o registro desse trabalho anônimo, que beneficiava a comunidade local como um todo.
Dona Alda Salim Calesco, esposa dele nos cedeu há alguns anos a foto principal que publicamos. Este relato já foi publicado no jornal impresso Folha de Piraju há vários anos, mas fica interessante reprisar esse relato de impermanência, tão significativo.
O mais interessante depois de enviar o link é que recebemos da leitora Neusa Andrade o seguinte relato: “Lembro-me tão bem desse caminhão, que passava aguando as ruas.
Onde é a Rodoviária, não existia nada. Alí instalava-se o Circo do Piranha, parques que vinham para cá, Touradas, onde os jovens mais atrevidos, montavam nós touros e cavalos e a rua treze era um pó inimaginável nós dias de hoje. A rua Major Mariano, também não tinha calçamento, muito menos as travessas, a partir do início da Av. Dr. Domingos Teodoro Gallo.
Quando chovia, era um barro que só quem morou alí, na Vila do Tossi, como eu, que era adolescente, pode lembrar-se, pois tínhamos que ir cortando caminho, pelo mato, para chegarmos até a Av. Dr. Domingos Teodoro Gallo, para chegarmos de galocha, na casa de minha tia, irmã de minha mãe, que era casada com o Marçal do Posto Marçal, onde deixávamos a galocha limpa, sobre um jornal no porão, para colocarmos o sapato de salto, para irmos para a praça e cinema.
Na volta, era a mesma ginástica, tirávamos o sapato e colocávamos a galocha, para voltarmos para casa.
Tempos muito difíceis, que os jovens de hoje nem imaginam como era.
Mas, existia tanta paz, tanta alegria, que sequer reclamávamos de nada.
Eu vivi isto até meados dos anos 60, quando nos mudamos para a AVENIDA. Aí as coisas melhoraram muito, graças à Deus.
Sem contar, quando nos formamos no Magistério e tínhamos que pagar condução, que nos levasse, para ministrar aulas nos sítios e fazendas, onde as estradas eram de terra e muitas vezes, precisamos ajudar o motorista a empurrar o carro ou Kombi, que ficavam atolados no barro ou se não chovia, vínhamos para casa, com a boca cheia de poeira.
Felizmente, tudo passou e hoje, com muita tristeza, vejo a rua onde moro, com uma camada de asfalto, sobre os paralelepípedos, que foram colocados e eram tão bonitos.
No dia, que asfaltaram a minha rua há dois anos, até chorei, pois no verão, o calor do asfalto, tornou-se insuportável, pois os paralelepípedos eram frescos, além de ajudar no escoamento das águas pluviais. Mas por causa de um ou outro morador, que não conhece a história da cidade, ganharam, na insistência, o asfaltamento das ruas.
Quanta coisa, que nos favoreceram, ficaram só na memória, daqueles que foram beneficiados com o calçamento das ruas.
Agradecimento eterno a esse Senhor, que aguava as ruas, para baixar a poeira”.