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FELICIDADE PARTILHADA: uma possibilidade existencial. Por Solange Carlos de Carvalho

Postado à, 69 dias atrás | 6 minutos de leitura

FELICIDADE PARTILHADA: uma possibilidade existencial. Por Solange Carlos de Carvalho
Dizem que a dor e a tristeza aguçam os talentos. Talvez seja porque nos tornamos sensíveis à beleza da arte. A solidão nos faz mergulhar nas profundeza dos sentimentos e nos torna mais sensíveis à alteridade. Penetrar no universo do sentimento do outro pode ser um exercício de introspecção e autoanálise. 
Assistindo DIVERTIDA MENTE com minhas netas, achei tudo muito profundo e complexo para duas crianças de cinco e sete anos... contudo elas pareciam entender bem as mensagens abstratas e até ficavam me explicando. O que para mim já era conhecimento, pelo menos no plano da teoria, naquela fria tarde de domingo, tornara-se grande aprendizado. Aprendi que a vida é um misto de emoções cultivadas: alegria, medo, raiva, tristeza... mas...e a felicidade, como seria?  que sentimentos seriam propícios? A felicidade definitivamente não implica não sentir medo, raiva ou tristeza, de vez em quando, porque simplesmente essas emoções fazem parte da humanidade dos mortais, bastando reconhecê-las para dominá-las. O medo é aprendido, mas pode ser controlado para não nos deixar estagnados diante da vida, por outro lado, pode ser um alerta e nos proteger do perigo iminente. Sentir raiva é normal, mas a Bíblia alerta para não cultivá-la em demasia: “Não deixe o sol se por sobre a vossa ira”. Perfeita orientação, afinal, “a mágoa profunda adoece até os ossos”. A alegria – ainda bem que existe a alegria –, por sua vez, nos dá o alento e o equilíbrio necessário a continuar existindo... e sendo ao longo da lida. Tudo que abarcamos na facticidade da vida vai nos constituindo como ser.
Ser feliz é uma condição que não depende do outro. Ninguém pode depender do outro para ser feliz. Isso pode ser importante para os casais. Ninguém deixa a sua parentela (pelo menos não deveria) para encontrar a felicidade em um relacionamento, pois certamente não obterá êxito. Ainda corre o risco de tornar o outro infeliz também. Quem é feliz pode transbordar felicidade no relacionamento. Quem é infeliz não tem como encontrar a felicidade no relacionamento porque só tem a transbordar amargura. Seja feliz e faça feliz quem o cerca, contagiando a todos com sua alegria de viver! Se não é feliz consigo mesmo, como espera que fará o outro feliz? A infelicidade que carrega no peito pode acompanhá-lo(a) aonde quer que vá. 
Ser feliz é uma dádiva? Ser feliz é uma busca constante? Sei que para conquistá-la tem que se dar abertura. Muitos poetas e escritores expressaram suas opiniões. Para Drummond, as pessoas não precisam de motivos para serem felizes, simplesmente são. Não ter motivos e ainda assim ser feliz é uma condição autêntica de felicidade. Já para Edgar Allan Poe, ser feliz é uma busca constante e essa esperança de alcançar a felicidade é que nos torna feliz. Sem esperança não há que se falar em felicidade. Para os cristão, em sua totalidade, a esperança é Jesus, sem o qual ninguém verá a Deus. Os mais fervorosos chegam a replicar a Bíblia Sagrada exercitando a fé: “Na presença do Espírito Santo, até a tristeza salta de alegria”, ou seja, a hermenêutica bíblica condiciona a felicidade à harmonia que se tem com o Espírito Santo. Ponto final. 
Para nós outros, o que resta dizer? Que tal quando experimentar o sentimento de tristeza, fazer como no filme que assisti com minhas netas, buscar com esperança a saída: perceber a causa e exercitar a alteridade, compreendendo o outro nas suas idiossincrasias. Ao experimentar o sentimento de raiva, sugiro liberar perdão em algum momento para não levar a mágoa para os dias subsequentes e, com isso, livrar a alma desse mal corrosivo. Medo? Novamente lembrando da minha neta mais velha Raquel Ariane aos três aninhos quando sua boneca falava em gravação: “Eu não tenho medo de nada”. Eu disse: – Minha linda, espelhe-se em sua boneca,” e ela respondeu: – “Ela não tem, porque é só uma boneca, mas eu tenho”. Sim, o medo é um sentimento humano, mas é aprendido. Entender o alerta é importante, mas não nos deixar dominar por ele, é necessário, para que não se torne uma pedra de impedimento para a nossa prosperidade. 
Para finalizar a reflexão, cultivemos, pois a ALEGRIA para para com ela tomar o controle da nossa vida com fé, esperança e amor sendo o maior dos sentimentos o amor como registra I Coríntios 13:13.
 
Solange Carlos de Carvalho é Doutora em Letras.  Membro da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil/PE. Exerce a docência em Sociolinguística, Metodologia da Língua Portuguesa, Produção de Textos Científicos e Atualização da Língua Portuguesa. Especialista em Português Jurídico. Revisora Linguística da Fundaj. Email: solange.carvalho@fundaj.gov.br