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Voltar SE ELES SÃO BONITOS, SOU ALAIN DELON, por Carlinhos Barreiros especial

23/NOV - 23
NOV
SE ELES SÃO BONITOS, SOU ALAIN DELON, por Carlinhos Barreiros especial

O título da matéria remete à letra do hit pop dos Mutantes, “Balada de Um Louco” (Arnaldo Baptista & Rita Lee, 1972) e nos conduz a Alain Delon, ator francês que fez grande sucesso nas telas nos anos 60, 70 e 80 do século passado. À época, era considerado O Homem Mais Lindo do Mundo e nunca houve quem contestasse tal epíteto. 
Alain completou 87 anos no último dia 8. Junto a italiana Sophia Loren (88 em 20 de setembro deste ano) formam a última dupla de grandes estrelas do Cinema Europeu ainda vivos. Estranhamente, os dois Mitos nunca atuaram num mesmo filme, apenas dividiram os holofotes do Festival de Cannes lá pelo início dos Anos 60, no alvorecer de suas carreiras. 
Delon surgiu para o mundo no clássico de René Clément “O Sol Por Testemunha” (Plein Soleil, 1959) como o Tom Ripley da obra de Patricia Highsmith: um estouro! Um ano depois, sob a tutela de Luchino Visconti fez o drama neo-realista em p&b “Rocco e seus irmãos”, sucesso de crítica e público em todo o mundo. Com Visconti atuaria em mais um clássico, “O Leopardo” (Il Gattopardo) junto a Burt Lancaster e Claudia Cardinale, no drama histórico sobre a derrocada da nobreza na Itália: o filme levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1963 e Delon consagrou-se de vez como ótimo ator e o homem mais desejado do mundo. Numa época em que o cinema europeu era decididamente autoral, trabalhou ainda com outros grandes diretores: Michelangelo Antonioni (“O Eclipse” – L´Eclipse, 1962), Jean – Luc Goddard (“Nouvelle Vague”, 1990), Jacques Deray (“Borsalino”, 1970), Joseph Losey (“O Assassinato de Trotsky”, 1971) e muitos outros. 
Alain Delon sempre se recusou a fazer filmes na América e deve ser por isso que os franceses, sempre territorialistas à beça, o amam tanto: Delon é um verdadeiro monumento nacional, da mesma estatura da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo e do Louvre. Ao lado de Brigitte Bardot, outra lenda viva da terra de De Gaulle, colhe hoje os louros por uma carreira vitoriosa.
Como era muito lindo, as mulheres se jogavam a seus pés: lendas sinistras, quase nunca confirmadas, cercam sua vida nesse aspecto: comenta-se à boca pequena que ele teria sido a grande paixão na vida da atriz austríaca Rommy Schneider, da série de filmes “Sissy” e com quem teve um caso sério. Rommy se matou anos depois e Delon é sempre apontado como a causa. Com a cantora e atriz Dalida teve um longo caso e gravou o hit “Parole, parole, parole” (1973) foi a mesma coisa: após o suicídio de Dalida, não faltou quem apontasse o dedo para o Belo como a provável causa do fatídico. 
O astro mora hoje na Suíça e anunciou a sua retirada das telas em 1997, insatisfeito (e com razão) com o panorama do Cinema contemporâneo. E num tempo com tanto homens feios atuando em tantos filmes ruins, o Monstro Sagrado francês é sempre um colírio para os olhos. Merci.   
 
• O autor é professor, jornalista e escritor. Atuou em Piraju nos jornais “Folha de Piraju”, “Observador” e “Jornal da Cidade” sempre como cronista ou crítico de cinema/literatura. Publicou o livro de contos “Insânia: O lado Escuro da Lua” (esgotado). Em 2006 foi o primeiro colocado no Concurso de Poesias, contos e Crônicas da FAFIP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Piraju) com o conto Sade do Sertão. Atualmente, revisa os originais de seu livro de contos ainda inédito “Freak Show”. Mora em Piraju onde eventualmente contribui com a imprensa local.